sábado, 29 de maio de 2010

Voltimeia

O pássaro cantou. Ivan pegou seu cachecol e saiu. Suas bochechas estavam vermelhas. Sua boca seca. Suas mãos quentes. Tropeçou num degrau. Caiu. Suas mãos quentes agora estavam raladas. Olhou para os lados. Não havia ninguém. Continuou seu caminho. Maria veio em seu pensamento. Seu rosto suave e sério, sua boca pequena e seus olhos grandes queriam dizer-lhe alguma coisa. Mas não disse. Continuou seu caminho. Passou um cachorro, todo estrupiado pedindo carinho. Ivan se mobilizou, não deu carinho e continuou seu caminho. Uma poeira entrou em seu olho direito, lembrou de sua avó que lhe dizia pra invocar Santa Luzia, protetora dos olhos. Invocou. E continuou seu caminho. Sua barriga estava roncando, por conta disso seus passos ficavam cada vez mais apressados, lhe agradava a brisa que batia em seu rosto vermelho. Passou embaixo de uma construção e uma gota caiu em sua cabeça, dessas que não se sabe da onde veio. Olhou pra cima e continuou seu caminho. Colocou as mãos no bolso. Esqueceu a carteira. Deu meia volta e continuou seu caminho.

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