domingo, 28 de março de 2010

Maaaaaais caralho!

Corro. Bem rápido. O vento gelado toca minha face. Sigo sem olhar para os lados. O capuz preto não deixa meus cabelos voarem. Pulo um obstáculo. Ops. Vejo a neve no topo da montanha. Sinto vontade de virar um pássaro para voar bem alto. Bem longe. De tudo. De todos. A respiração está ofegante. O coração acelerado. E isto me dá um desconcertante prazer. Rápido. Quero ir mais rápiido. Não consigo parar. Meus braços se movem em sincronia com as minhas pernas. Minha boca saliva. Desejo mais. Te desejo. O ritmo de uma música invade meus ouvidos. É impossível pensar. É impossível parar. A menina testa seus limites. Sempre. As nuvens ultrapassam meus ossos. Meus sentidos. Cheiro de canela no ar gelado. Algodão doce branco como neve. Quero mais, muito mais.

terça-feira, 16 de março de 2010

Ama'deus

A escada era imensa e empoeirada, seus degraus eram cinzas, feitos de concreto. Amadeu não conseguia ver o seu fim, já estava cansado e já não tinha mais a mesma convicção de antes de que chegaria ao fim. Seu rosto enrrugado estava sujo e suado. Passou uma mosca. Passou outra mosca. As gotas de suor ficavam penduradas em seus poucos cabelos, sobrancelhas, cílios, bigode. Grudou uma mosca. Amadeu, sem mais forças foi obrigado a se sentar. Bebeu um gole de pinga. Pediu ajuda a Deus. Com suas mãos sujas partiu um pedaço de pão. Comeu. Bebeu. Mijou. Se encostou, e dali não se levantou mais.

sexta-feira, 12 de março de 2010

-Ex

Era uma vez um burguês, que se metia a falar francês mesmo sendo português. Certa vez perdeu a lucidez e fez uma grande estupidez. matou sua ex que trepava com um freguês, de nome Juarez. Porém, com sua atual mulher Inês, sempre foi um homem muito cortez. Ela o conquistou com sua timidez e o laçou de vez. O burguês.

Outrora

Ele se foi. Frio, como havia sido nos últimos anos que passamos juntos. Carregava seu chapéu marrom na cabeça e uma malinha vagabunda na mão com o resto de suas coisas. Escorria uma singela lágrima do meu olho direito. Não estava de fato triste, mas sem sentido e direção a lágrima caiu. O portão se fechou. Ele saiu. Tudo acabou. Tudo começou. Olhei para o céu, o tempo estava instável. Uma música ecoava nos meus ouvidos e assim, acendi meu último cigarro.

sábado, 6 de março de 2010

Buá...

Suei. Um corpo entrelaçado n'outro. Suados. lençol branco molhado. Gozo, suor, saliva, bebida. a marca na mesa do cigarro esquecido. pensamentos esquecidos. cheiro de bife da casa do vizinho. cheiro do outro corpo. do meu corpo. pés descalços no chão gelado. o cachorro não para de latir. au au ai. ninho no cabelo. o vazio. na cabeça.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Nas Mãos de Deus?

Eu fui. Fui até onde pude ir. Minhas mãos geladas sentem o frio . O céu está límpido. passa uma gaivota.Um pouco mais adiante uma corja de urubus se deliciando na mais podre carne. Meus lábios estão rachados. lembro do gosto do seu beijo quente e úmido. e imediatamente a sra. melancolia invade minha alma, assim, sem bater nem nada. ninguém sabe o que vai acontecer.