terça-feira, 12 de outubro de 2010

Assim, tão de repente

Valquíria queria brincar. Tinha muita energia, suas pernas não conseguiam parar quietas e até sua respiração estava acelerada. Começou a fazer movimentos, girou os braços, dobrou os dedos, agachou, agachou, pulou, pulou o mais alto que pode, pulou de um degrau, da cadeira, do muro. Caiu! Seu joelho agora estava ralado, mas não sangrava. Valquíria continuou brincando, achava bonito ter um machucado, admirava os meninos que tinham alguma parte do corpo quebrada. E quando conhecia alguém, sempre fazia a mesma pergunta: "Você já quebrou alguma coisa?". Além do que, achava o máximo os recados e desenhos que as pessoas faziam no gesso. Pensava que quando chegasse sua vez, queria ter um gesso bem colorido, nada de canetinha de uma só cor, pensava em talvez até colar adesivos, podia fazer um mosaico!
Teve uma grande idéia: a parede de seu quarto_ afinal, nada mais parecido, era como um gesso gigante! Fez vários desenhos, colagens, usou até grãos de arroz, feijão e ervilhas, miojo, grama, pensou em colar uma joaninha, mas achou que seria maldade com a bichinha, então viu um besouro, achou perfeito, o colou com durex. Não via a hora de seus amigos desenharem e deixarem seus recados. Estava realmente excitada com tudo aquilo. Passou dia e noite decorando seu gesso gigante, até que dormiu, e naquela noite no seu novo mundo entrou.

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