segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

pressão

Ela tá aqui. dentro de mim. a pressão. silenciosa e dolorosa. veio de repente. ou será que sempre esteve aqui? hora de mudança, talvez. da pressão pra combustão. deve ser mais interessante, menos dolorido, talvez? a dor se espalha pelo meu corpo, vem de dentro dos meus ossos e se irradia pelos meus membros. sinto queimaduras que se espalham pelo meu corpo, como se me cutucassem com algo quente, muito quente. vudu, talvez. como era a paz mesmo? onde foi que eu a perdi? quando? como? por que? será que ela esteve comigo algum dia? acho que essa tal combustão vai começar em breve, e vai liberar calor e luz.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ana - a pomba.

Ana era uma pomba velha e solitária. morava em são paulo, a selva de pedra. tinha nascido quase branca, mas conforme os anos foram passando ela foi adquirindo a cor da cidade, acho que era um desses tipos de defesa-camuflagem que alguns bichos tem, agora era cinza, cor do asfalto, do céu, dos prédios, dos ratos, de algumas pessoas. se alimentava de restos, de todo tipo, até mesmo bitucas. todo tipo de resto.
suas patas (?)(pés, garras...??) eram bem vermelhas, quase inflamadas, da cor de seus olhos. não conseguia mais voar muito alto, já não era aquela pomba ágil e ousada de antigamente que dava rasantes no meio dos carros, cagava na cabeça das pessoas e andava ciscando por aí com seu bando nas regiões mais movimentadas da cidade...estava cansada e velha. e agora só queria viver em paz com seus restos. só. e só.

Me deixa vai..

o dia quente fazia helena ter soluços, muitos so-luço-s. seu soluço a fazia suar ainda mais, era terrível, mas desde o verão passado esse mal a atormentava. já havia tentado todas as "infalíveis" simpatias: bebeu água de cabeça pra baixo, sem respirar, com uma faca na testa, terminou com a maldita garrafa d'água e nada..cantou a música da pantera cor de rosa, família Adams, deu um susto nela mesma, enfim...s-olu-çava.
sua barriga, diafragma ou sei lá onde já estavam doendo e queria muito que a noite e a brisa chegassem pro Seu Soluço partir.
A noite finalmente chegou trazendo a brisa e não levando Seu Soluço. Fo-da - - - -.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Assim, tão de repente

Valquíria queria brincar. Tinha muita energia, suas pernas não conseguiam parar quietas e até sua respiração estava acelerada. Começou a fazer movimentos, girou os braços, dobrou os dedos, agachou, agachou, pulou, pulou o mais alto que pode, pulou de um degrau, da cadeira, do muro. Caiu! Seu joelho agora estava ralado, mas não sangrava. Valquíria continuou brincando, achava bonito ter um machucado, admirava os meninos que tinham alguma parte do corpo quebrada. E quando conhecia alguém, sempre fazia a mesma pergunta: "Você já quebrou alguma coisa?". Além do que, achava o máximo os recados e desenhos que as pessoas faziam no gesso. Pensava que quando chegasse sua vez, queria ter um gesso bem colorido, nada de canetinha de uma só cor, pensava em talvez até colar adesivos, podia fazer um mosaico!
Teve uma grande idéia: a parede de seu quarto_ afinal, nada mais parecido, era como um gesso gigante! Fez vários desenhos, colagens, usou até grãos de arroz, feijão e ervilhas, miojo, grama, pensou em colar uma joaninha, mas achou que seria maldade com a bichinha, então viu um besouro, achou perfeito, o colou com durex. Não via a hora de seus amigos desenharem e deixarem seus recados. Estava realmente excitada com tudo aquilo. Passou dia e noite decorando seu gesso gigante, até que dormiu, e naquela noite no seu novo mundo entrou.

Maria que amava

A cada dia que passava a certeza de que João não seria mais seu aumentava. Outro verão tinha chegado e Maria continuava sozinha. Não que ainda gostasse dele, mas no fundo, bem no fundo, achava que um dia ainda voltariam a ficar juntos. Maria sempre o amou, apesar de João nunca realmente ter acreditado nisso, é que o jeito bruto do seu amor o confundia, mas quem disse que amor tem jeito certo de ser? Sentia falta da cumplicidade e brincadeiras que um dia tiveram, do amor forte e incondicional de João, que na época a incomodava um pouco, mas agora...ela tinha mudado. Viu,que homens como João, não se acham por aí a cada esquina.

domingo, 26 de setembro de 2010

No Olho Do Furacão

o sangue grosso escorria de suas pequenas mãos, o corte tinha sido profundo, mais do que ela mesmo imaginava. agora não havia mais saída. era impossível cessá-lo. paredes, espelho, toalhas, pia, chão, e tudo mais foram tingidos pela sua dor vermelha. mas não estava arrependida, estava com uma estranha satisfação. a intensidade do momento presente a excitava. sua cabeça começou a rodar, suas pernas ficaram trêmulas e fracas. ouviu crianças brincando na rua, uma buzina tocando, um cachorro latindo, o sopro do vento e seu último suspiro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

chuta que é macumba!

tudo que eu queria essa semana era me injetar numa bolha fora do tempo, onde eu simplesmente ficasse de férias da humanidade e do planeta sem ter que falar uma vogal que seja com alguém, e mais importante do que isso: não ter que ouvir nada, n-a-d-a.
como se eu voltasse pro útero materno por apenas uma semana. isso, acho que uma semana seria o necessário pra eu recuperar minhas energias físicas e principalmente mentais. se pudesse nesse período bolha também arrancaria meu cérebro pra ver se ele cala a boca um pouco e me deixa em paz de mim mesma. porque andei pensando, a coisa mais insana é brigar com seu próprio cérebro, afinal, como se briga consigo mesma, por acaso eu sou duas "eus", me sinto um tanto ridícula por isso e muito mais muito mal humorada.